ou Zoroastro desce a Montanha
Tentei muitas vezes em vão
Plantar uma rosa neste mundo,
Mas a semente em meu coração
Afogou-se num lamaçal imundo.
O meu sorriso levou o vento,
Esvaziou-se a taça da minha alegria,
Hoje procuro algum alento
Na luz que ilumina o meu dia.
Contemplo o vasto deserto
De meus sonhos natimortos:
Sei que sigo um caminho incerto,
Que meus passos são sempre tortos.
Com certeza o meu canto
Há de enfim ficar mudo,
E hei de perder o encanto,
Sendo mais triste e carrancudo.
Mas talvez, com alguma sorte,
Eu ainda tenha um motivo para viver;
Ou quem sabe na hora da morte
Eu conheça um novo amanhecer.
Trago comigo a certeza
Que não importa aonde eu for
Se eu encontrar alguma beleza
Lá também estará a dor.
Mas vem que é hora de partir,
Deixar para trás a montanha
Sabendo que embora eu queira sorrir
Hoje a tempestade me acompanha.