quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O Vitorioso

Ao Senhor dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.
— Livro de Isaías (Capítulo 8, verso 13)


Juntei-me às legiões da Violência
Tingindo de vermelho os céus e a Terra
Na crença que somente a Cova encerra
As chaves para a humana onipotência.

Acaso a minha sanha vos aterra?
Sabei que em minha atroz sanguinolência
— Negando às minhas vítimas clemência —
Venci de novo e vou vencer a guerra!

Mas eis que sem aviso, qual gangrena,
Na hora do triunfo o peito falha
E lá do Inferno Lúcifer me acena.

Agora que o Sepulcro me amortalha
Pergunto-me se enfim valeu a pena
Jamais haver perdido uma batalha...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Ícaro

Ao fim da juventude só me resta
Olhar para as lembranças do passado
E ver que em meu semblante um ser alado
Pintara as mil promessas de uma festa.

A ruga de uma rima sem pecado
Ainda não pesava em minha testa;
E o grito que na dor se manifesta
Seguia-me em silêncio, derrotado.

Naqueles dias prenhes de alegria
O Sol me acompanhava como um pai
Que crê no alvorecer de sua cria,

Mas hoje em minha vida a noite cai
Porque amei o encanto e Poesia
Que existe num sorriso que se esvai.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Dúvida & Tormento

Às vezes ouço no silêncio mais perfeito
Um som de faca que me fere bem no peito—
Serão os gritos deste sonho doce e vão
Que brota qual ferida em todo coração?