segunda-feira, 28 de maio de 2007

Melancholia Plena

Há quase dois séculos o Conde M. Flavius se afogou no Mediterrâneo durante uma tempestade. As ondas que o levaram fizeram-no aportar num mundo desconhecido, um mundo de abandono e melancolia. Agora ele é náufrago numa ilha de solidão e desespero, escuridão e amargura. Hoje esse antigo morador dos abismos salgados ergue seu cântico ao presenciar nuvens negras surgindo no horizonte...
Há cento e setenta anos vivo sem sono.
Meus olhos estão sempre abertos, sonhando,
E às vezes suporto um estranho abandono
Ao ver no horizonte a procela chegando.

Não sei se os trovões cessarão algum dia
Pois há tempestades que nunca chorei
E há lágrimas, tantas que minha agonia
Tornou-se rancor e depois se fez lei.

Agora meu reino não passa de sonhos,
Promessas e gritos de dor abafados
E muitas imagens e quadros medonhos
De vales distantes na bruma afogados...

Há quase dois séculos eu vivo assim
E meu pesadelo jamais chega ao fim!

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