segunda-feira, 4 de junho de 2007

Estátuas de Cemitério

São o que Deus desenha em nuvens de concreto
Sobre pedestais onde a forma do granito
Eterniza a rijeza hercúlea de um só grito
Cuja algidez imita o nosso desafeto.

São fantasmas vivendo além das agonias
E que trazem na face um olhar sempre fito
Como se na pupila um espasmo inaudito
Houvesse lhes imposto a constância dos dias.

São réplicas de um sonho horripilante e vago
Que uma vida medrosa expôs longe da luz
E sob cuja epiderme há tripas, sangue e pus.

São infantes que a Morte arremessou num lago,
Testemunhas daquela ausência de terrores
Quando o corpo apodrece entre velas e flores.

Nenhum comentário: