Estátuas de Cemitério
São o que Deus desenha em nuvens de concreto
Sobre pedestais onde a forma do granito
Eterniza a rijeza hercúlea de um só grito
Cuja algidez imita o nosso desafeto.
São fantasmas vivendo além das agonias
E que trazem na face um olhar sempre fito
Como se na pupila um espasmo inaudito
Houvesse lhes imposto a constância dos dias.
São réplicas de um sonho horripilante e vago
Que uma vida medrosa expôs longe da luz
E sob cuja epiderme há tripas, sangue e pus.
São infantes que a Morte arremessou num lago,
Testemunhas daquela ausência de terrores
Quando o corpo apodrece entre velas e flores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário