Carta da Musa ao Poeta
Monte Parnaso, 18 de julho de 2007
Poeta,
nunca desanime
Se a tua verve esmorecer
Ou se o que escreves com prazer
Foi concebido pelo Crime.
A Arte jamais foi recompensa
Dada a um espírito feliz,
Contudo a Musa nunca quis
Que a tua mágoa fosse imensa.
As tuas lágrimas de dor
Eu agasalho junto ao seio,
E às vezes pálida receio
Não ter ganhado o teu amor.
E embora alguém possa odiar
A melodia de teus versos
E o teu louvor em metros tersos,
Na minha cama tens lugar.
Porque se chora a tua lira
Meu coração aos poucos erra
E vaga triste pela Terra
Atrás de um monstro que lhe fira.
Assim, poeta, quando o céu
Mostrar sinais de noites frias,
Prepara as tuas poesias
Pois que sem pompa ou escarcéu
Virei trajando um negro manto
Para beijar os lábios teus
E transformá-lo nesse deus
Em cujo riso grita o Pranto.
E.
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