Perda
Eu te perdi primeiro numa quarta-feira
Que não marcou o pó dos dias que vivi;
E, semelhante a uma lembrança, coube a ti
Aquela dor que foi a minha vida inteira.
Então achei-te nos salões, nos hospitais,
Pelas calçadas, mausoléus, na febre, no ar;
Mas eras sempre como um vulto a se mostrar
Na cor veneno azul dos cálices fatais.
Por fim a minha solidão virou loucura;
O meu desejo, apenas sangue e repelente.
Aguardo o dia que meu corpo finalmente
Encontre um túmulo que seja noite escura
E a minha mágoa denuncie o nosso amor
Porque contigo estou aonde a cova for.
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