quarta-feira, 20 de junho de 2007

Destruição

Do fundo do sepulcro a chuva me parece
Um monstro indiferente ao meu pedido mudo,
Que exibindo um sorriso ameno vai, contudo,
Pisando todo verbo erguido como prece.

Em lágrima ela cai liquefazendo a mente,
Fazendo apodrecer o que está na lembrança;
Sobre cada paixão o seu ódio descansa
E o que relembro perde as cores lentamente.

Que restará depois que a chuva me apagar?
Mesmo o amor que se agita além da sepultura
Vira pus quando a noite avança mais escura,
Pois na ausência do beijo o Nada faz seu lar.

Ai! Por obra da Morte, espectro da ruína,
Tudo que foi sublime agoniza e termina!

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