segunda-feira, 9 de julho de 2007

Verve Triste

Opus Nº 1

Mas se me perguntardes a razão
Desse meu amargor tão infeliz
Mentirei para vós com prontidão —
Dir-vos-ei: a Tristeza é quem me quis!

E sabereis que minto sem paixão,
E porque o meu olhar é falsa atriz
Fujo de vós e miro o imundo chão
Na ânsia de esconder o que ela diz.

Verto mais uma lágrima iracunda
E enquanto permaneço cabisbaixo
Na minha vida a mágoa se aprofunda...

Todavia se olhardes por debaixo
Desse manto de hipócritas mentiras
Vereis que minha dor tange mil liras!


Opus Nº 2

À luz de lamparinas o alquimista
Prepara um verso prenhe de lirismo
Violando os caixões de seu abismo
Atrás de uma beleza nunca vista.

Perdido em seu labor decadentista
Ele mistura ao fel do paroxismo
Aquela graça, angústia e cinismo
Que nasce da paixão que nos conquista.

Assim aplica fórmulas e rosas
Para fazer do chumbo uma canção
E, destilando mágoas rancorosas,

Da sua dor as rimas nascerão
Frágeis, impermanentes e vistosas,
Como se fossem bolhas de sabão.

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