sábado, 18 de agosto de 2007

Desgosto

Extinta a fé que tive nesse agosto,
A minha vida aspira um novo mês,
Porém um medo atroz aqui se fez
No trono vago de outro rei deposto.

Na treva foi-se aquela paz tranqüila,
E em cada noite explode um grito vão
Rugindo em minha boca qual um cão
Em cuja fúria cega a Dor desfila.

Pesar após pesar me fez pequeno
Se mesmo as Horas¹ sangram cores frias
E a vida só nos traz o horror dos dias.

Assim elevo aos lábios fel veneno,
Porque se meu setembro nasce rubro
Desejo nunca ver a luz de outubro.


¹ Do latim Horae. Possível alusão às deusas romanas que presidiam as estações do ano e que depois foram associadas às horas do dia.

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