segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Oração de F.

Ouve o teu filho, Pai,
Atende o meu pedido!
Na lágrima que cai

O meu sono tem sido
Um descanso fatal
E um horrível gemido.

Já provei muito o sal
Dessa tristeza vaga —
Essa dor colossal

Que o meu sorriso alaga
Com seu sabor de pus
E a sua negra chaga.

Ouve, Senhor Jesus,
Esse meu brado rouco,
Mostra-me alguma luz!

Pois sorrio tão pouco
E buscando a alegria
Com dúvidas me alouco.

Se a treva vence o dia
Como posso, Deus meu,
Vencer essa agonia?

O que amo se perdeu
Nos caminhos do vício
E o meu peito plebeu

Só conhece o suplício
De ver na minha vida
Apenas um resquício

Daquela flor querida
Que chamam de esperança
E que hoje jaz ferida.

Se minha voz O alcança,
Já vencido e contrito,
Imploro-te uma lança,

Algum veneno (um grito!),
P'ra calar minha dor
Num sepulcro infinito.

Mas se em sonhos, Senhor,
Eu descobrir um lar,
Peço-te por favor:

— Não me deixa acordar!

Nenhum comentário: