terça-feira, 4 de setembro de 2007

Eu

Chamaram-me da cátedra de Augusto.
Disseram-me: "Que versos sempiternos!"
Ao verem meus escritos dos Infernos
Surgirem na distância como um susto.

Ganhei o teu louvor sem muito custo
Pisando nos sonetos dos modernos,
E crendo ser Camões dos versos ternos,
Tornei-me um Baudelaire menos vetusto.

Contudo sou um pouco mais que nada:
Da Musa o menos lírico dos bardos,
Poeta cuja verve imunda enfada —

Talvez um entre tantos Eduardos
Que fere toda rosa delicada
E aspira cultivar somente cardos!

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