Envelhecer
Corpos apodrecendo em meu jardim
Revelam que jamais vivi assim:
Como uma tempestade de verão
Destelhando mansões noutra estação.
Hoje todo perfume que me embala
Recende docemente na ante-sala
Do necrotério mais lotado e frio
Onde a Saudade se faz e eu me crio.
Mesmo o meu verso louco e descontente
Suspeita que por muito que se tente
Não há como apagar a voz que clama.
E porque renasci do pó e da lama
Lamento já sem mágoa ou paixão
As flores que matei por diversão.
Um comentário:
Destaco apenas a chave de ouro.
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