quinta-feira, 14 de junho de 2007

Visões Noturnas

As trevas abismais da noite fria
Cobriam os telhados das mansões
Enquanto a passo largo alguém seguia
Cantando baixo fúnebres canções.

Um grito se perdera nas calçadas
E junto aos muros sórdidos jardins
Sonhavam com as pétalas finadas
Que um sábio arrancou de seus confins.

Até a minha dor se fez silente
Naquele instante mágico e sublime
Regido por um deus morto e ausente
E cujo corpo exangue nos redime.

Se tudo não passava de miragens
Jamais conseguirei dizer ao certo —
Do crime o Sonho faz dez mil imagens
E cada uma assemelha-se ao deserto!

Verdade é que acordei num sobressalto,
Ferido, fraco, trêmulo e com medo,
Pensando em corações que sonham alto
E flores que florescem em segredo.

Diante de meus olhos a tristeza
Ainda figurava como um sonho
E dela vi surgir a Grã Beleza
Com seu aspecto pálido e medonho.

Chorando ela pediu: “Oh, faz-me um verso!”
Mas eu silenciei ante o perfeito
E, vítima de um medo mui diverso,
Deixei a inspiração morrer no peito.

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