Soneto da Primavera
Enquanto a primavera traz prazer
Aqui um vasto deserto predomina:
Nenhuma flor ou riso de menina
Enfeita a minha carne a apodrecer.
Morri sem nunca ver o amanhecer
E agora que essa noite me ilumina
E um novo Sol reluz sobre a campina,
Verei o cemitério florescer.
Mas antes que o pavor aqui desabe
Na cova que me deram p'ra morar,
Pedi àquele deus que tudo sabe
Que as lágrimas irriguem o lugar,
Porque na sepultura que me cabe
Alguma rosa ainda vai brotar.
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