sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Assombração

As crianças com medo
Foram dormir mais cedo
Naquela noite fria
Em que juntou o vento
Desespero e agonia
Num único lamento.

Nas igrejas, nos bares,
Nas ruas e nos lares
A tristeza suicida
Exibiu o seu rosto
E nos jardins da vida
Floresceu o desgosto.

Num repugnante lance
A loucura e o romance
Extinguiram o amor
Para que finalmente
A solidão e a dor
Reinassem livremente.

Amargo fez-se o mel,
O bom se fez cruel,
Azedo fez-se o vinho,
E até mesmo o futuro
Nas previsões do advinho
Surgiu nublado e escuro.

Completando o mistério
Num velho cemitério
Uma lápide atesta:
"Nasceu a escuridão,
Foi-se a luz, nada resta!
Somente as sombras são..."

Um comentário:

Eduardo Frias - Psicólogo disse...

Puxa veja só, me dei ao direito de ficar comentando, de psicólogo para técnologo, principalmente sobre esse texto. Me parece que quando você determina a estrutura, fica mais livre e o produto é excelente. Enfim, um texto muito bom em minha opinião, com uma marca bastante pessoal sua. Grande Sorte